sábado, 23 de julho de 2011

NOTA DE REPÚDIO AO PREFEITO DE SOROCABA


“O hospício é construído para controlar e reprimir os trabalhadores que perderam a capacidade de responder aos interesses capitalistas de produção.”
Fórum de Luta Antimanicomial de Sorocaba – FLAMAS, repudia a postura e as declarações do prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi(PSDB)
Na quarta, 20 de julho, o prefeito Vitor Lippi, deu uma entrevista no Jornal da Manhã da Jovem Pan, onde se faz necessário registramos aqui, o nosso manifesto de repudio pela forma irresponsável que ele conduziu suas considerações:

1º Prefeito VITOR LIPPI, disse que Psicólogos são secundários no processo de tratamento de pessoas acometidas de transtorno mental e que, transtorno mental tem que ser tratado por psiquiatra.
Repudiamos essas considerações e registramos que todo profissional envolvido no processo de cuidado com a pessoa acometida de sofrimento psíquico, tem a mesma importância e o mesmo grau de responsabilidade com esse cuidado.
Quando Vitor Lippi em um tom provocativo, tenta desqualificar ou inferiorizar o trabalho dos profissionais Psicólogos, ele desqualifica também toda uma equipe de diversos setores da saúde, como: Auxiliares de Enfermagem, Enfermeiros, Terapeuta Ocupacional, Assistente Social, Profissionais da Limpeza, dentre outros pessoas e profissionais, que se não trabalhassem em sintonia, de nada adiantaria o Psiquiatra.


2º Prefeito se refere ao FLAMAS, e a Luta Antimanicomial, de uma forma personalista, na tentativa de desqualificar o absurdo apresentado pelas informações levantadas até o presente momento, através dos meios de comunicação, das denuncias de funcionários e informações levantadas por entidades governamentais, tentando partidarizar a Luta Antimanicomial.

A Lei 10.216/2001, foi aprovado no governo Fernando Henrique Cardoso, com o aval do então Ministro da Saúde José Serra. A origem do projeto de lei, é do deputado Paulo Delgado do Partido dos Trabalhadores, apresentado em 1991, portanto, aprovado depois de 10 anos de discussão no país inteiro. A Luta Antimanicomial, não somente em Sorocaba, mas em todo país, é fundamentada na lei 10216/01, portanto, não se trata de uma opção para o GOVERNO MUNICIPAL fazer a REFORMA PSIQUIÁTRICA(pois o município é que tem essa incumbência) é OBRIGAÇÃO.
Não divergimos(FLAMAS e o governo Vitor Lippi) por conta de cores partidárias, mas por diferenças de compromissos firmados. O compromisso do FLAMAS é com a LEI e com os DIREITOS HUMANOS.


3º O prefeito diz que foi uma injustiça o que fizeram com o ex-Secretário de Saúde Milton Palma, tentando atribuir a ato de injustiça ao FLAMAS.
Milton Palma foi Secretário de Saúde da prefeitura de Sorocaba de 2004 a 2011, quando, no mês de maio, foi exonerado do cargo, após ter sido denunciado no SBT Brasil (programa jornalístico em rede nacional), que era SÓCIO MAJORITÁRIO de três hospitais psiquiátricos da região de Sorocaba.
Quando o prefeito tenta "linkar" a injustiça da exoneração do ex-secretário ao FLAMAS, que nada tem haver, ele desconsidera a gravidade da denuncia apresentada. Afinal, se não tivesse um conflito ético-moral no fato do ex-secretário ser sócios dos hospitais e ao mesmo tempo ser Secretário de Saúde do município, por que o mesmo foi exonerado de sua função?
Se pudéssemos medir o grau de injustiça cometido contra alguém, deveríamos necessariamente, começar pelas pessoas que tiveram suas vidas e seus convívios sociais interrompidas a partir do momento que foram depositadas nesses hospitais.

4º O prefeito tenta desqualificar a pesquisa elaborada pelo FLAMAS.

No mês de maio o FLAMAS, recebeu um manifesto de apoio de várias organizações de todo o país, como por exemplo a da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME). Entidade essa, onde seu coordenador é o Dr. Paulo Amarante (PSIQUIATRA), professor titular da Escola Nacional de Saúde Pública, ligado a FIOCRUZ no Rio de Janeiro. Esse relatório, também foi encaminhado a diversos órgãos e entidades acadêmicas em todo país e recentemente, entregue a Organização da Nações Unidas (ONU).
Afirmamos a legitimidade da pesquisa, pois o próprio relatório elaborado pela prefeitura, confirma os dados da pesquisa do FLAMAS. Além do mais, dentre todas as entidades já citadas que receberam e tiveram acesso a essa pesquisa, teria questionado, caso as informações não correspondesse com a realidade.

5º Prefeito diz, que o FLAMAS não tem propostas e não diz o que fazer com a situação que se encontra a saúde mental em Sorocaba.

Vale apena ressaltar que, justamente pelo poder público municipal não saber o que fazer com a situação lamentável apresentada, foi que motivou a organização de um grupo, hoje denominado FLAMAS.
Vitor Lippi esquece, que aproximadamente 3 meses, a pedido do FLAMAS junto a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Ministério da Saúde, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Conselho Estadual em Defesa da Pessoa Humana, Conselho Regional e Federal de Psicologia, Conselho Estadual de Saúde de São Paulo, com a participação de alguns representantes da prefeitura, temos uma reunião mensal para pensar um outro modelo voltado a saúde mental.


Lamentamos que de forma irresponsável, o prefeito Vitor Lippi trate uma situação tão séria como é a saúde mental e a violação de DIREITOS HUMANOS.

Viemos através dessa nota, repudiar esse tipo de comportamento e os seus pronunciamentos.
CONTINUAREMOS LUTANDO, POIS NADA NEM NIINGUÉM FURTARA A ORGANIZAÇÃO POPULAR.

Reafirmamos nosso compromisso com a Luta Antimanicomial e a REFORMA PSIQUIATRICA e nesse sentido que continuaremos caminhando.

FLAMAS

2 comentários:

  1. Lembrando que Mairinque é conivente com esta situação Manicomial da região de Sorocaba, pois sempre teve a política de encaminhar sua população com sofrimento psíquico aos Hospitais Psiquiátricos, sem oferecer tratamento digno. E esta situação persiste!!!
    Carine - moradora de Sorocaba, trabalhadora de Mairinque e membro do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba.

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