Há 100
anos essa estação, toda moderna para a época transportava passageiros e cargas
e já era um importante ponto de “baldeação” para Campinas pela Ferrovia Ituana
e para o litoral pelo ramal Mairinque- Santos.
Já nas comemorações dos 100 anos de existência
da Estação Mayrink, em 2002, o professor Nelson Goulart Reis Neto fez uma
exposição no espaço do Banco do Brasil, na Avenida Francisco de Assis Pinto de
Oliveira, e expôs parte do trabalho de pesquisa que havia concluído sobre Victor
Dubugras Precursor do Modernismo no Brasil e autor do projeto da estação. Nessa
oportunidade pudemos conhecer um pouco da história do projetista da Estação
Ferroviária de Mairinque.
Em outra
exposição em São Paulo anos antes, já havíamos tido a oportunidade de ver os maravilhosos
desenhos e projetos, originais, de várias obras de Dubugras.
A ferrovia foi criada em 1870, por empresários
sorocabanos, liderados pelo comerciante de algodão Luiz Matheus Maylasky.
A
inauguração foi em 1875, ligando São Paulo à fábrica de ferro Ipanema. A
Fazenda Ipanema, hoje pertence ao município de Iperó.
O
primeiro período de expansão da ferrovia foi na segunda metade do século XIX. O projeto contemplava o importante
entroncamento da linha que vinha de Itu e a linha para Santos foi implantada
décadas depois.
Foi
a partir de 1890, que se iniciou a construção da Vila Mayrink. O prédio novo tal qual admiramos hoje, denominado
Centro
da Memória Ferroviária pela Lei Municipal 2365/2001, foi projetado por
Victor Dubugras em 1906 e inaugurado em 1911, segundo pesquisas do professor
Nelson Goulart Reis.
Em 1902,
houve a transferência das oficinas da ferrovia de Sorocaba para Mairinque,
tornando ainda mais importante esse trecho.
A Estação
Mayrink é uma edificação em que o projetista adotou o estilo Art Noveaux e o
partido arquitetônico de “Estação Ilha”, ou seja, o prédio entre as linhas
férreas, cujo acesso para pedestres se dá pelo túnel que por muitos anos foi também
a principal ligação entre a Vila Sorocabana e o centro da cidade.
Um ano
antes da inauguração aqui na região houve um surto de varíola causando muitas
mortes e o clima era de desalento e muita tristeza, inclusive muitos foram para
outras cidades, mas com a inauguração da estação a região foi reconquistando um
novo rumo.
Um
conjunto de casas foi construído para moradia das famílias dos trabalhadores da
ferrovia.
Os altos
e baixos e as crises financeiras através dos tempos foram inúmeras e a empresa Sorocabana
Railway, posteriormente passou para a Estrada de Ferro Sorocabana pertencente ao
governo de São Paulo e transferidos à Rede Ferroviária Federal, cujo patrimônio
– casas e terrenos -, hoje, está sob responsabilidade da Secretaria Nacional do
Patrimônio.
Essa
malha transportou ao longo do século XX, passageiros e cargas. Foi o principal
meio de transporte de passageiros no Estado de São Paulo por décadas e no
fechar do século XX, em 16/1/1999, cessou o transporte de passageiros.
Voltando
ao Sr. Victor Dubugras, arquiteto precursor do modernismo e um dos símbolos das
mudanças sociais e da modernização ocorridas em São Paulo, entre 1890 e 1930.
Em
1921, um ano antes da semana de Arte Moderna Dubugras construiu um conjunto de
casas na Av. Paulista, esquina com Rua Augusta, construção com partes em
concreto armado, inclusive algumas com lajes de cobertura que era novidade para
a época.
Foi
nessa época que muitos prédios escolares pomposos foram construídos na cidade
de São Paulo e em algumas cidades do interior do Estado, como Tatuí e Botucatu.
Sanatórios
e conjuntos de casas e todas com os ricos traços e detalhes característicos do
arquiteto Dubugras.
A nossa estação tem tudo isso e o título de 1ª
obra em concreto armado do País.
Esse patrimônio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
Artístico e Turístico - Condephaat em
28/10/1986 sob registro N. 24383/86. O professor Nelson Goulart Reis Neto integrou a equipe que preparou a documentação para o
tombamento.
Em 2001,
foi incorporada ao patrimônio histórico e, em
2002 o município comprou o prédio
da RFFSA por R$79.300,00.
A restauração do prédio da estação é uma obra que
há muito tempo é aguardada, pois o conjunto estação, túnel de pedestres e
conjunto de casas são de grande
valor histórico e uma das maiores riquezas desse lugar.
O
desenho abaixo é uma ilustração de Vicenzo Scarpellini e dele também é a frase:
“Era um lugar de passagem e infunde um misterioso, contraditório senso de
intimidade, era consagrada a vida prática e parece uma fábrica de nuvens”.
Prospecto do Professor Nelson Goulart Reis |
Desenho estilizado da estação produzido pelo arquiteto José Capitão |
Calendário produzido pela Prefeitura Municipal de Mairinque em 2006 |
Casas
restauradas no Centro
|
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