segunda-feira, 24 de março de 2014

A ESTAÇÃO MAYRINK

           Há 100 anos essa estação, toda moderna para a época transportava passageiros e cargas e já era um importante ponto de “baldeação” para Campinas pela Ferrovia Ituana e para o litoral pelo ramal Mairinque- Santos.
Já nas comemorações dos 100 anos de existência da Estação Mayrink, em 2002, o professor Nelson Goulart Reis Neto fez uma exposição no espaço do Banco do Brasil, na Avenida Francisco de Assis Pinto de Oliveira, e expôs parte do trabalho de pesquisa que havia concluído sobre Victor Dubugras Precursor do Modernismo no Brasil e autor do projeto da estação. Nessa oportunidade pudemos conhecer um pouco da história do projetista da Estação Ferroviária de Mairinque.
   Em outra exposição em São Paulo anos antes, já havíamos tido a oportunidade de ver os maravilhosos desenhos e projetos, originais, de várias obras de Dubugras.
 A ferrovia foi criada em 1870, por empresários sorocabanos, liderados pelo comerciante de algodão Luiz Matheus Maylasky.
 A inauguração foi em 1875, ligando São Paulo à fábrica de ferro Ipanema. A Fazenda Ipanema, hoje pertence ao município de Iperó. 
          O primeiro período de expansão da ferrovia foi na segunda metade do século XIX.  O projeto contemplava o importante entroncamento da linha que vinha de Itu e a linha para Santos foi implantada décadas depois.
        Foi a partir de 1890, que se iniciou a construção da Vila Mayrink.  O prédio novo tal qual admiramos hoje, denominado Centro da Memória Ferroviária pela Lei Municipal 2365/2001, foi projetado por Victor Dubugras em 1906 e inaugurado em 1911, segundo pesquisas do professor Nelson Goulart Reis.
   Em 1902, houve a transferência das oficinas da ferrovia de Sorocaba para Mairinque, tornando ainda mais importante esse trecho.
   A Estação Mayrink é uma edificação em que o projetista adotou o estilo Art Noveaux e o partido arquitetônico de “Estação Ilha”, ou seja, o prédio entre as linhas férreas, cujo acesso para pedestres se dá pelo túnel que por muitos anos foi também a principal ligação entre a Vila Sorocabana e o centro da cidade.
   Um ano antes da inauguração aqui na região houve um surto de varíola causando muitas mortes e o clima era de desalento e muita tristeza, inclusive muitos foram para outras cidades, mas com a inauguração da estação a região foi reconquistando um novo rumo.
Um conjunto de casas foi construído para moradia das famílias dos trabalhadores da ferrovia.
         Os altos e baixos e as crises financeiras através dos tempos foram inúmeras e a empresa Sorocabana Railway, posteriormente passou para a Estrada de Ferro Sorocabana pertencente ao governo de São Paulo e transferidos à Rede Ferroviária Federal, cujo patrimônio – casas e terrenos -, hoje, está sob responsabilidade da Secretaria Nacional do Patrimônio.
       Essa malha transportou ao longo do século XX, passageiros e cargas. Foi o principal meio de transporte de passageiros no Estado de São Paulo por décadas e no fechar do século XX, em 16/1/1999, cessou o transporte de passageiros.
Voltando ao Sr. Victor Dubugras, arquiteto precursor do modernismo e um dos símbolos das mudanças sociais e da modernização ocorridas em São Paulo, entre 1890 e 1930.
       Em 1921, um ano antes da semana de Arte Moderna Dubugras construiu um conjunto de casas na Av. Paulista, esquina com Rua Augusta, construção com partes em concreto armado, inclusive algumas com lajes de cobertura que era novidade para a época.
   Foi nessa época que muitos prédios escolares pomposos foram construídos na cidade de São Paulo e em algumas cidades do interior do Estado, como Tatuí e Botucatu.
   Sanatórios e conjuntos de casas e todas com os ricos traços e detalhes característicos do arquiteto Dubugras.
A nossa estação tem tudo isso e o título  de  1ª obra em concreto armado do País.
       Esse  patrimônio foi tombado pelo  Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - Condephaat em 28/10/1986 sob registro N. 24383/86. O professor Nelson  Goulart Reis Neto integrou a equipe  que preparou a documentação para o tombamento. 
         Em 2001, foi incorporada ao patrimônio histórico e, em  2002 o município comprou o prédio  da RFFSA  por R$79.300,00.
         A  restauração do prédio da estação é uma obra que há muito tempo é aguardada, pois o conjunto estação, túnel de pedestres e conjunto de casas  são de grande valor  histórico e uma das maiores riquezas  desse lugar.
        O desenho abaixo é uma ilustração de Vicenzo Scarpellini e dele também é a frase: “Era um lugar de passagem e infunde um misterioso, contraditório senso de intimidade, era consagrada a vida prática e parece uma fábrica de nuvens”.


Prospecto do Professor Nelson Goulart Reis 
Desenho estilizado da estação produzido pelo arquiteto José Capitão

Calendário produzido pela Prefeitura Municipal de Mairinque em 2006

Casas restauradas no Centro

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