quarta-feira, 25 de junho de 2014

Residências terapêuticas: um estímulo à vida

      A reforma psiquiátrica no Brasil é recente e Sorocaba era uma das cidades que até pouco tempo atrás tinha um dos maiores números de leitos psiquiátricos  do País. Muitos escândalos, muita denúncia de maus tratos e abandono de paciente por familiares   fazem parte dessa  história. A literatura e  a sétima arte são fontes  de casos  verídicos que nos  causa indignação e tristeza.   A reforma psiquiátrica entre inúmeras mudanças   trouxe as residências  terapêuticas, o Centro de Atenção Psicossocial - CAPS e outros  equipamentos  para  suporte e acolhimento das pessoas com sofrimento mental.
      Chamar essas pessoas de loucas, querer interná-las diante de crises, sem que se dê o tratamento adequado é coisa  do passado. Há alguns séculos atrás, as sociedades medievais queimavam as  pessoas vivas em praça  pública,     como  forma de dizer que elas  não se encaixavam nos modelos comportamentais da época.
      Vamos  fazer uma audiência pública para tratar do CAPS que  é uma estrutura  que  em breve  o município terá. Convidaremos pessoas  de entidades, religiosos, técnicos  da saúde, assistência social e educação. É preciso que  reunamos   toda gente para  ouvirmos   quem já está  adequado à lei e mais que isso, atendendo adequadamente as pessoas com sofrimento mental.
      As residências terapêuticas representam um item dessa estrutura e  na  internet  achei o de Casa Branca - SP  - cidade de 30mil habitantes do noroeste  paulista.  “Atualmente, o município  de Casa Branca SP é responsável por apenas uma residência terapêutica. Porém, em parceria com o Centro de Reabilitação mais oito serão implantadas, sem custo nenhum à Prefeitura”.
       Há cerca de dois anos, a Prefeitura Municipal implantou, em Casa Branca a primeira residência terapêutica sob os cuidados do município.___Nela residem seis pacientes: Faruki Hanamoto, 81 anos;  Luiz Antonio Bilatto, 72 anos; Alfredo Marciano Golveia, 63 anos; Marcos Lourenço, 47 anos; Luiz Carlos de Jesus, 42 anos e Marcos Godinho, o caçula da família com 33 anos.___Porém, em parceria com o Centro de Reabilitação, mais oito residências terapêuticas serão implantadas na cidade.___Ao município, cabe realizar o contrato de locação e oferecer suporte aos pacientes através da equipe do Ambulatório da Saúde Mental. No entanto, todos os gastos, inclusive com o aluguel, ficam por conta dos Governos Federal e Estadual, através do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, respectivamente.___As residências terapêuticas são mantidas com recursos financeiros anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, os recursos destinados ao paciente durante sua internação são realocados para os fundos financeiros do município para manutenção dos Serviços Residenciais Terapêuticos. ___Segundo a coordenadora do Ambulatório de Saúde Mental Margarete Aparecida Fernandes Bernardi, “O município não tem gasto com nada. Até os móveis da casa são comprados com recursos estaduais, por isso, a implantação destas residências terapêuticas só tem a contribuir com a sociedade”.___A medicação aplicada aos pacientes é oferecida pela rede de saúde. A alimentação, o vestuário e os produtos de higiene pessoal são adquiridos pelo próprio paciente através dos benefícios por ele recebidos através da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS e do Programa “De volta para casa”._
      A residência terapêutica ou Serviços Residenciais Terapêuticos são casas nas quais pessoas com transtornos mentais, submetidas a longas internações psiquiátricas, têm a oportunidade de voltar a viver em sociedade, nos moldes de uma família.___“A maioria dos pacientes não tem mais contato com a família de origem, e estas casas oferecem a eles a possibilidade de viver num ambiente familiar”, explica a coordenadora.___Instituídas pelo Ministério da Saúde, no ano 2000, as residências terapêuticas integram o Programa “De volta para casa”, cujo objetivo é reinserir na sociedade pessoas acometidas de transtornos mentais.___
      “A ideia é motivar o paciente ao convívio social sem deixar de assisti-lo, isto é, ele continua recebendo todos os cuidados necessários para o conforto, saúde e segurança”, assegura Margarete.___Esses seis pacientes, por exemplo, vivem em uma casa aconchegante, organizada e estruturada. Além de receber atendimento contínuo da equipe do Ambulatório da Saúde Mental, contam com o a presença diária da cuidadora Selma Figueiredo. “Eu sinto como se eu vivesse em uma família. Eu cuido deles e eles me respeitam muito. Criamos uma relação de respeito”, afirma Selma.___A cuidadora é responsável por cuidar da higiene dos pacientes, da limpeza da casa, das roupas, preparar as refeições e gerenciar as compras da casa. Mas, ela garante que eles também colaboram com a limpeza e organização do lar: “Sempre tenho a ajuda de alguém, às vezes, para varrer o quintal, ou então, para lavar a louça”.___Selma afirma que após dois anos de convivência percebe o quanto os pacientes evoluíram. “Quando vieram morar nessa casa, eles eram muito dependentes, hoje não são mais tão dependentes. É claro, eles têm limitações, estas devem ser respeitadas, mas, eles melhoraram bastante”.___Exemplo dessa melhoria notável é o Luiz Carlos de Jesus, que cuida de tudo quando a Selma não está. “A noite eu dou o remédio e esquento no microondas a comida pra todos. Às vezes até lavo a louça”, revelou Luiz, todo feliz e orgulhoso por poder ajudar os amigos.___A cuidadora fica com a família: oito horas diárias de segunda a sexta-feira, e quatro horas aos sábados. “Quando me ausento deixo tudo pronto para facilitar a vida dos rapazes. Para o jantar a comida fica preparada, basta esquentar. Os remédios também são todos organizados com a dose correta para cada um”, explicou.___A rotina da família é semelhante à das nossas famílias. Para se locomoverem, os rapazes às vezes fazem uso de carro (carro da Selma), outras vezes de ônibus. Saem a passeio ou para fazer compras. Participam da Oficina Terapêutica da Saúde Mental e caso necessário, passam por consultas médicas. Em casa, assistem TV, ouvem música e conversam. Aliás, segundo Marcos Godinho, conversam muito. O Marcote ou boca larga, como é chamado, é o mais falante da turma e reconhece sua aptidão: “Eu sou o mais falador daqui”.___Quando indagado sobre como se sente morando na casa com seus colegas ele respondeu; “Eu vivia numa prisão, hoje eu tenho liberdade. Hoje eu sou feliz”, declarou emocionado.___Com a implantação de mais oito residências terapêuticas em Casa Branca, outros pacientes, até então internados no Centro de Reabilitação (e muitos deles advindos de outros hospitais psiquiátricos)  terão uma nova oportunidade de recomeçar e de reconquistar a felicidade.__Fonte: http://www.casabranca.sp.gov.br/index1.asp?qm=s&ed=0&m=214&t=3677






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