A reforma psiquiátrica
no Brasil é recente e Sorocaba era uma das cidades que até pouco tempo atrás
tinha um dos maiores números de leitos psiquiátricos do País. Muitos escândalos, muita denúncia de
maus tratos e abandono de paciente por familiares fazem parte dessa história. A literatura e a sétima arte são fontes de casos
verídicos que nos causa indignação
e tristeza. A reforma psiquiátrica
entre inúmeras mudanças trouxe as residências terapêuticas, o Centro de Atenção
Psicossocial - CAPS e outros
equipamentos para suporte e acolhimento das pessoas com
sofrimento mental.
Chamar essas pessoas de loucas,
querer interná-las diante de crises, sem que se dê o tratamento adequado é
coisa do passado. Há alguns séculos atrás,
as sociedades medievais queimavam as pessoas vivas em praça pública, como
forma de dizer que elas não se
encaixavam nos modelos comportamentais da época.
Vamos fazer uma audiência pública para tratar do
CAPS que é uma estrutura que em
breve o município terá. Convidaremos
pessoas de entidades, religiosos,
técnicos da saúde, assistência social e
educação. É preciso que reunamos toda gente para ouvirmos
quem já está adequado à lei e
mais que isso, atendendo adequadamente as pessoas com sofrimento mental.
As
residências terapêuticas representam um item dessa estrutura e na
internet achei o de Casa Branca -
SP - cidade de 30mil habitantes do
noroeste paulista. “Atualmente, o município de Casa Branca SP é responsável por apenas
uma residência terapêutica. Porém, em parceria com o Centro de Reabilitação
mais oito serão implantadas, sem custo nenhum à Prefeitura”.
Há cerca de dois anos, a Prefeitura Municipal
implantou, em Casa Branca a primeira residência terapêutica sob os cuidados do
município.___Nela residem seis
pacientes: Faruki Hanamoto, 81 anos; Luiz Antonio Bilatto, 72 anos;
Alfredo Marciano Golveia, 63 anos; Marcos Lourenço, 47 anos; Luiz Carlos de
Jesus, 42 anos e Marcos Godinho, o caçula da família com 33 anos.___Porém, em parceria com o
Centro de Reabilitação, mais oito residências terapêuticas serão implantadas na
cidade.___Ao município, cabe realizar o contrato de locação e oferecer
suporte aos pacientes através da equipe do Ambulatório da Saúde Mental. No
entanto, todos os gastos, inclusive com o aluguel, ficam por conta dos Governos
Federal e Estadual, através do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de
Saúde, respectivamente.___As residências terapêuticas são mantidas com recursos financeiros
anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, os recursos
destinados ao paciente durante sua internação são realocados para os fundos
financeiros do município para manutenção dos Serviços Residenciais
Terapêuticos. ___Segundo a coordenadora do Ambulatório de Saúde Mental Margarete
Aparecida Fernandes Bernardi, “O município não tem gasto com nada. Até os móveis
da casa são comprados com recursos estaduais, por isso, a implantação destas
residências terapêuticas só tem a contribuir com a sociedade”.___A medicação aplicada aos
pacientes é oferecida pela rede de saúde. A alimentação, o vestuário e os
produtos de higiene pessoal são adquiridos pelo próprio paciente através dos
benefícios por ele recebidos através da Lei Orgânica de Assistência Social -
LOAS e do Programa “De volta para casa”._
A residência terapêutica ou
Serviços Residenciais Terapêuticos são casas nas quais pessoas com transtornos
mentais, submetidas a longas internações psiquiátricas, têm a oportunidade de
voltar a viver em sociedade, nos moldes de uma família.___“A maioria dos pacientes
não tem mais contato com a família de origem, e estas casas oferecem a eles a
possibilidade de viver num ambiente familiar”, explica a coordenadora.___Instituídas pelo Ministério da Saúde, no ano 2000, as residências
terapêuticas integram o Programa “De volta para casa”, cujo objetivo é
reinserir na sociedade pessoas acometidas de transtornos mentais.___
“A ideia é motivar o paciente ao
convívio social sem deixar de assisti-lo, isto é, ele continua recebendo todos
os cuidados necessários para o conforto, saúde e segurança”, assegura
Margarete.___Esses seis pacientes, por
exemplo, vivem em uma casa aconchegante, organizada e estruturada. Além de
receber atendimento contínuo da equipe do Ambulatório da Saúde Mental, contam
com o a presença diária da cuidadora Selma Figueiredo. “Eu sinto como se eu
vivesse em uma família. Eu cuido deles e eles me respeitam muito. Criamos uma
relação de respeito”, afirma Selma.___A cuidadora é responsável por cuidar da higiene dos pacientes, da
limpeza da casa, das roupas, preparar as refeições e gerenciar as compras da
casa. Mas, ela garante que eles também colaboram com a limpeza e organização do
lar: “Sempre tenho a ajuda de alguém, às vezes, para varrer o quintal, ou
então, para lavar a louça”.___Selma afirma que após dois anos de convivência percebe o quanto os
pacientes evoluíram. “Quando vieram morar nessa casa, eles eram muito
dependentes, hoje não são mais tão dependentes. É claro, eles têm limitações,
estas devem ser respeitadas, mas, eles melhoraram bastante”.___Exemplo dessa melhoria
notável é o Luiz Carlos de Jesus, que cuida de tudo quando a Selma não está. “A
noite eu dou o remédio e esquento no microondas a comida pra todos. Às vezes
até lavo a louça”, revelou Luiz, todo feliz e orgulhoso por poder ajudar os
amigos.___A cuidadora fica com a
família: oito horas diárias de segunda a sexta-feira, e quatro horas aos
sábados. “Quando me ausento deixo tudo pronto para facilitar a vida dos
rapazes. Para o jantar a comida fica preparada, basta esquentar. Os remédios
também são todos organizados com a dose correta para cada um”, explicou.___A rotina da família é
semelhante à das nossas famílias. Para se locomoverem, os rapazes às vezes
fazem uso de carro (carro da Selma), outras vezes de ônibus. Saem a passeio ou
para fazer compras. Participam da Oficina Terapêutica da Saúde Mental e caso
necessário, passam por consultas médicas. Em casa, assistem TV, ouvem música e
conversam. Aliás, segundo Marcos Godinho, conversam muito. O Marcote ou boca
larga, como é chamado, é o mais falante da turma e reconhece sua aptidão: “Eu
sou o mais falador daqui”.___Quando indagado sobre como se sente morando na casa com seus
colegas ele respondeu; “Eu vivia numa
prisão, hoje eu tenho liberdade. Hoje eu sou feliz”, declarou emocionado.___Com a implantação de mais
oito residências terapêuticas em Casa Branca, outros pacientes, até então
internados no Centro de Reabilitação (e muitos deles advindos de outros
hospitais psiquiátricos) terão uma nova oportunidade de recomeçar e de
reconquistar a felicidade.__Fonte:
http://www.casabranca.sp.gov.br/index1.asp?qm=s&ed=0&m=214&t=3677
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não deixe de participar do mandato, dê sua opnião.